Privadas, ou públicas, acrescentaremos. Nacionais, ou regionais. São os leitores que as escrutinam.
Se a comunicação social foi fundamental na consolidação da democracia em Portugal, se já antes ela desempenhou um importante papel na progressiva criação de uma opinião pública esclarecida, crítica em relação ao Estado Novo, muitas vezes usando metáforas e outras figuras de estilo para contornar o lápis azul da censura, é com muita apreensão que se leem as notícias sobre a situação em que se encontram os trabalhadores do Jornal de Notícias (JN), do Diário de Notícias (DN), do Dinheiro Vivo, do Jogo e da rádio TSF. Por alturas do Natal passado e que continuam a viver. Tão grave que se viram obrigados a avançar para a greve.
Houve um tempo em que, quando queríamos saber notícias daqui e dali, comprávamos o JN. As regiões estavam lá. Melhor, o JN dedicava uma especial atenção aos assuntos regionais, era seu porta-voz. Afinal, os assuntos de Miranda do Douro, ou de Montalegre – só para referir dois municípios da nossa região – pequenos para os da capital, são grandes para os que ali vivem ou labutam. As suas gentes merecem que alguém divulgue o que ali acontece, problemas ou sucessos, individuais ou coletivos. Decerto muitos retêm na memória os excelentes artigos de opinião que nos levavam a comprar o DN. Dava gosto. Tinha dos melhores colunistas da nossa imprensa. Por último, a TSF. Conheci-a como
“Rádio Jornal” num tempo em que perturbava os políticos, pois era capaz de fazer um sem número de quilómetros para perscrutar uma reunião partidária, ou de grupo no interior de um partido político, “desviando” as cortinas de um hotel, como um certo dia ouvi a Jorge Sampaio. Fazia jus ao slogan “tudo o que se passa, passa na TSF”, ou àquele outro de “ir ao fim do mundo, ao fim da rua”. E programas de informação e debate em que se respeita o princípio do contraditório, a pluralidade de pontos de vista é fundamental em democracia. A TSF deu grande contributo para tal. Sábado, dia 30 de dezembro último, após as notícias das onze não ouvi a Judith Menezes e Sousa dar início ao “Bloco Central”. Fiquei com pena. Era um bom exemplo de programa plural.