Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025
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Cinco Frases de Javier Melloni

O sacerdote jesuíta Javier Melloni deu uma entrevista ao Expresso, onde conta um pouco da sua experiência pessoal mística, musculada e aprofundada nas práticas e sabedoria orientais, mais concretamente na Índia, como a meditação e o ioga, e aborda alguns temas da vida da Igreja.

Define-se como um monge peregrino. Vive há 25 anos no Santuário de Manresa, Catalunha, onde S. Inácio se terá refugiado para se dedicar à oração. Algumas frases chamaram a minha atenção e penso que são úteis para a reflexão da Igreja.

“Na Índia, dão às pessoas uma experiência do absoluto e não uma doutrina.” A nossa vivência cristã assenta muito na intelectualização da fé, doutrinação, catequese, pregação, dogmas, fórmulas; depois, estabelecemos uma disciplina de ritos, sacramentos e práticas, regras, permissões e proibições, criámos o cristão “cumpridor”; por fim, exige-se um testemunho do que se ensina e celebra. Damos pouca atenção e importância à experiência que os cristãos fazem de Deus.

“A sociedade secular avançou e nós em muitos casos fossilizámos. Temos muitos medos. A Igreja tem medo de perder poder, de tocar em algo sagrado da tradição. A tradição é transmissão e não repetição. Cada geração tem de ter coragem de discernir o que é adequado para o seu tempo”. Negar o sacerdócio às mulheres em nome da soberana tradição é incompreensível.

“Uma Igreja feita por celibatários não sabe questionar a sexualidade. Há desconhecimento, medo e obsessão. A sexualidade é uma das energias da vida, é por onde nos vem a vida, mas tem tanta força que não sabemos o que fazer. Ao temê-la, reprimimo-la, e ao reprimirmo-nos torna-se uma obsessão”. Já é tempo de a Igreja apresentar uma nova proposta de moral sexual, de a olhar de forma descomplexada e positiva, não lhe atribuir uma maldição e toda a espécie de pecado.

Sobre a pandemia, Melloni afirma: “Não, ainda não aprendemos, e virão mais emissários, mas adaptámo-nos melhor do que pensávamos. Mas não nos transformámos. Adaptar não é transformar.” Pensei que a pandemia nos iria transformar para melhor, mais abertos a Deus e humanos e solidários com os outros e com o mundo. Ainda não foi desta.

Por fim, Melloni afirma sobre a Igreja: “O resto é uma concentração minoritária que contém a essência e o resíduo é algo morto, as sobras sem substância. É verdade que somos hoje uma minoria, mas somos uma minoria residual ou uma minoria essencial?” A Igreja é uma minoria. Autenticidade e regresso ao Evangelho é o caminho.

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