Pela sua relevância, este tema deveria ter maior atenção e ser objeto de discussão pelos partidos políticos e pelos candidatos a representantes da Região para o novo ciclo de governação que se avizinha.
Ambicionar a coesão territorial para o País exige promover projetos estruturantes para um interior adiado, com consequências nefastas para as gerações vindouras. Vejamos o caso da Linha do Douro!
A comunicação social nacional divulgou recentemente informação das Infraestruturas de Portugal que comprova que a eletrificação dos troços ferroviários da Linha do Douro tem data indefinida. Esta notícia faz da Linha do Douro a mais atrasada do plano de modernização ferroviária nacional, não sendo uma prioridade para o País.
Contudo, permanece o interesse estratégico neste projeto no transporte de mercadorias e de pessoas, sendo óbvio o impacto no desenvolvimento da região. No plano turístico, a Linha do Douro permitirá conectar quatro patrimónios da Humanidade: cidade do Porto, Alto Douro Vinhateiro, Côa e Salamanca, com vantagens no desenvolvimento económico do Interior Norte.
Para os sucessivos atrasos registados nos últimos anos têm sido invocadas razões de diversa ordem, não se enquadrando o projeto no Portugal 2020. Também não está previsto no novo quadro comunitário financiamento para o troço entre o Pocinho e Barca d’Alva, o qual deverá ser assegurado pelo Orçamento de Estado ou outras fontes de financiamento.
Seria bom ouvir dos candidatos propostas alternativas. Por exemplo, o Fundo Ambiental que tem financiado redes nos maiores centros urbanos, sob o chapéu da descarbonização, pode ser a solução e um compromisso. Centrar a alocação deste fundo apenas nos principais centros urbanos e nas regiões mais desenvolvidas, está longe de ser uma solução socialmente justa e comporta fortes custos no futuro.
Será este o País que coletivamente pretendemos? Os sucessivos atrasos na modernização da Linha do Douro alimentam a descrença no Estado e afasta o compromisso com a coesão territorial. Para além das consequências em termos de desenvolvimento da Região, relembro que a falta de investimento na ferrovia contribui para agravar o crescente esvaziamento populacional, a que se associa uma natural perda de confiança da Região.
Pelo “andar da carruagem” da campanha, percebe-se que a coesão territorial não é prioridade nacional!
É tempo de apresentar propostas que, num contexto de acelerada transformação da sociedade, possam garantir um processo efetivo de convergência do Interior.