Num momento em que a comunidade científica tanto se preocupa com as alterações climáticas, a ferrovia é um dos meios a contribuir para a descarbonização, porque retira o seu agente mais poluidor, o automóvel ligeiro e pesado, muito cómodo para o seu utilizador, mas insustentável se queremos retirar o carbono da atmosfera.
Pela mão da LADPM e da Fundação Museu do Douro, chegou ao Parlamento uma petição com 13 888 assinaturas, dando voz e corpo à vontade da Sociedade Civil Duriense, para que ali se discutisse a problemática da via-férrea do Douro. A discussão teve lugar no dia 11 de março, tendo merecido a apresentação do Projeto de Resolução por parte de cinco partidos de quadrantes políticos muito díspares, todos eles convergindo no mesmo propósito. Mais surpreendente e absolutamente extraordinário o facto de todos os projetos de resolução terem sido aprovados por unanimidade. Quantas vezes tal resultado terá acontecido no Parlamento?
A ferrovia está na ordem do dia na Europa, onde se procura a harmonização das bitolas, que tem sido um dos grandes entraves à expansão deste meio de transporte. Agora, com a concordância já da Assembleia da República, o Ministro das Infraestruturas tem toda a força política para apresentar este projeto, como prioritário a financiamento pelo tão badalado Programa de Recuperação e Resiliência.
Se este não é um programa de recuperação, digam-nos então o que significa o termo recuperação.
Miguel Torga afirmava que somos um povo indignado, mas não passamos disso.
Ousamos pedir aos nossos deputados oriundos deste Douro, que a todos nos une, que se empenhem fervorosamente, no desígnio de requalificar esta linha. A retirada do automóvel (em particular do pesado de transporte) das nossas estradas, para acabar com o carbono na atmosfera, exige o empenho de cada um de nós e, fundamentalmente, dos responsáveis políticos.
Tomemos como nossas as palavras do Dr. António Filipe, atual presidente da LADPM: o Plano Ferroviário Nacional não poderá deixar de contemplar a requalificação integral da Linha do Douro, até Barca de Alva.
Acordem, senhores governantes!