Terça-feira, 14 de Maio de 2024
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Disciplina não é repressão

Foi notícia por estes dias que se deu um ligeiro aumento de ocorrências na escola em Portugal, nomeadamente agressões, injúrias, ameaças, furtos, vandalismos e roubos.

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Ainda assim, inferiores aos tempos pré-pandemia. Não deixámos de ficar um pouco chocados quando aqui há uns tempos um menino terá sido sodomizado por um grupo de rapazes, com um cabo de uma vassoura, numa escola do concelho de Vimioso, onde estaria também um irmão do agredido. Ocorrências e atos ilícitos sempre existiram na comunidade escolar, muitos bem encobertos. Hoje é mais difícil esconder, pelas ferramentas que temos ao nosso dispor.

Penso que a escola tem sido vítima da educação que se dá atualmente nas famílias e de algumas teses e teorias pedagógicas, que não deixam de suscitar muitas dúvidas e interrogações, que, na minha modesta opinião, têm arrastado a escola e o ensino para o declínio. Hoje, muitos pais demitem-se de educar os filhos, quando são os principais educadores, não se devendo inibir de definir atitudes e comportamentos e estabelecer regras e limites, e transmitir princípios e valores fundamentais. Nota-se que muitas crianças e jovens não têm disciplina em casa, reina a desorganização, o laxismo e a permissividade, ao sabor do prazer imediato e do consumo supérfluo. Não sei onde que é que se foi desenterrar essa ideia altamente perniciosa e tonta de que é preciso estar sempre feliz e contente, com prazer a toda a hora, sem regras, imposições, deveres e obrigações que nos tirem do mais prazeroso e apetecível. A vida não é assim.

Por outro lado, uma certa deriva pedagógica escolar, que alguns apelidam de ingénua e romântica, talvez traumatizada por tempos de uma autoridade autoritária e repressiva, postulou que não se deve disciplinar demasiado porque isso é autoritarismo e repressão, defendendo mais flexibilidade e doçura, já que por si as pessoas acabarão por aprender a saber estar e a fazer o que é correto, ou, se quisermos, a serem responsáveis, sabendo dominar os seus impulsos, sentimentos e instintos mais básicos. Na verdade, não tem sido assim e não é assim. No processo de crescimento do ser humano, crescer com normas, regras e limites é fundamental para se aprender a ser livre e responsável com os outros e perante os outros, a ter virtudes, e para se saber viver em sociedade. E não é nenhum trauma se, por vezes, se tiver de impor este caminho. É, aliás, necessário e indispensável, por muito que seja politicamente incorreto afirmá-lo.

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