Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
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Luís Pereira
Luís Pereira
Historiador e Arqueólogo. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Corromper o ambiente para melhorar o ambiente?! (II)

Ajudemos o meio ambiente despertando a consciência coletiva, alterar hábitos de consumo e a rotina.

Explicar socialmente que parte dos produtos consumidos provêm de países sem leis ambientais exigentes como no espaço europeu ou em países ditos mais evoluídos e desenvolvidos economicamente, que consomem freneticamente bens materiais, aos quais são adicionados ao preço inúteis impostos e taxas para combater a poluição, enquanto continua-se a explorar países com a industrialização sem cuidados mínimos com o ambiente, com a população e o planeta respira o mesmo ar.

Sem existir uma verdadeira Coesão Territorial e vontade dos municípios em sonhar com o Plano Nacional Ferroviário desenha-se num mapa linhas ferroviárias que compensa fomentar não reaproveitando o existente, mas construindo novos traçados, pois a recuperação e reabilitação não interessa quando o valor é somente de uns milhares. Por milhões movem-se multidões, por uns milhares ficam-se pelas intenções! Se construir de raiz é mais económico do que reaproveitar então qual é a lógica ecológica desta estratégia? Prefere-se então estruturas de domínio público abandonados tal como pilares em cimento, alcatrão, ferro e outros materiais poluentes da antiga IP4 a persistir na paisagem transmontana como monumento ao desprezo pelo ambiente.

O ambiente inclui também o património cultural e é responsabilidade de Estado garantir qualidade ambiental e usufruto cultural, no entanto o governo demissionário socialista sacudiu a água do capote sobre tal responsabilidade ao criar empresas para gerir o património cultural nacional e o simplex ambiental. Assiste-se a uma constante destruição dos centros históricos, de arquitecturas emblemáticas nas cidades para dar lugar a um cliché da economia do dia a dia, o turismo. O interesse é esvaziar prédios e demolir casas para nascer unidades hoteleiras em cada esquina e tirar o cidadão da sua cidade e sem hipótese de arrendar ou comprar casa nova. Satisfaz-se com bom grado os investidores, mas não se satisfaz as necessidades básicas da população: Paz, Pão, Habitação, Saúde e Educação. Temos um país turístico, cidades sem nacionalidade, sem habitantes nem vizinhos.

Num país em que a área consumida por incêndios florestais por ano é preocupante, celebram um bom ano com reduções de 70% devido à chuva fora de época (alterações climáticas) e ajudam a combater esta situação com mais área reflorestada por eucaliptos e não por floresta autóctone. É política ambiental e energética o abate legalizado ou ignorado pelas autoridades competentes de árvores supostamente protegidas para a construção de parques fotovoltaicos. Estranha contradição de metas ambientais com base nas energias ditas limpas que destroem o que se deveria proteger.

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